Sobre a corrupção que há em nós
Já não é a primeira vez que penso sobre este assunto, mas dessa vez resolvi compartilhar meus pensamentos com vocês, nobres navegadoras e navegadores desse mar da Vida.
Com alguma frequência, ficamos abismados, assombrados até com o grau de “impermeabilidade” que o óleo de peroba traz para a cara de pau dos políticos que foram alçados ao poder pela população brasileira.
Restringindo-me ao contexto contemporâneo – sem passar pano para governos anteriores – as denúncias de corrupção na “farra da Covaxin”, que seria comprada a um valor quase 5 vezes maior de uma empresa indiana do que a primeira proposta de uma consolidada empresa multinacional, com a diferença é que, neste negócio, 1 dólar por vacina seria escusamente “desviado” para contas particulares de membros do governo (façam as contas: 200 milhões de doses, 200 milhões de dólares surrupiados dos cofres públicos).
Além disso, a descoberta (nada nova, na verdade, apenas a confirmação) de casos de nepotismo velado (emprego de cônjuge de familiares) que eram obrigados a devolver até quase 90% do valor que recebiam, como funcionários fantasmas, no gabinete do então Deputado Jair Messias Bolsonaro…
Mas minha reflexão não quer focar nos casos de corrupção nos governos federais, estaduais ou municipais. Em tempo de pandemia, sabemos que esta corrupção é endêmica e tacitamente “aceita” em nosso país. É considerada “parte da engrenagem” e ainda não conseguimos construir mecanismos adequados para combatê-la, pois todos os poderes estão envolvidos…
Minha reflexão quer, isso sim, focar nas micro e pequenas corrupções que nós mesmos praticamos todos os dias ou, pelo menos, eventualmente. Aquelas atitudes antiéticas – ou até mesmo ilegais – que costumam ser culturalmente aceitas e ter sua gravidade ignorada ou minimizada.
Aquele furar a fila, comprar produtos falsificados, falsificar carteirinha de estudante, colar na prova, tentar subornar o guarda para evitar a multa, roubar TV a cabo, bater o cartão ponto de colega de trabalho que não compareceu, apresentar atestado médico falso, não emitir nota fiscal, passar os pontos da CNH para outra pessoa, estacionar em vagas especiais, aceitar troco a mais e tantas outras “coisinhas”…
As pequenas corrupções, podem ter um custo gigantesco para uma sociedade, ainda maior do que as grandes corrupções que identificamos em nosso meio político. Não acredita? Vou te contar uma história:
Em um experimento apresentado no documentário “(Dis)Honesty”, milhares de pessoas foram convidadas a preencher um teste com 20 questões de matemática básica em 5 minutos.
Após conferir o gabarito, os participantes deveriam triturar a prova e apenas depois disso informar seu desempenho ao pesquisador. Para cada resposta certa, o voluntário recebia 1 dólar. Ou seja, tudo dependia da honestidade da pessoa.
Mas tinha um detalhe: o triturador destruía apenas as laterais das folhas de resposta, permitindo que os investigadores conferissem o real desempenho de cada voluntário. O que descobriram?
7 em cada 10 participantes afirmaram ter acertado mais questões do que realmente acertaram, apenas para conseguir mais dinheiro.
E não é só isso. Entre os que mentiram, foram identificados dois grupos:
Grandes Mentirosos, que afirmaram ter acertado todas as questões. Total de grandes mentirosos: 20 participantes.
Pequenos Mentirosos, que exageraram menos ao informar seu desempenho. Total de pequenos mentirosos: 28 mil participantes.
Quem custou mais? Os grandes mentirosos custaram ao estudo (e ao sistema) 400 dólares. Os pequenos mentirosos custaram 50 mil dólares.
Conclusão: pequenas corrupções podem causar grande impactos. (Fonte: politize.com.br)
E então… Se pararmos para pensar em todas essas situações nas quais tiramos proveito de alguma situação, em todas elas inventamos uma desculpa para justificar o erro.
E o que isso tem a ver com a corrupção na política? Bem, nossas atitudes surtem efeitos na sociedade como um todo. Aqueles que estão em volta, podem repercutir e copiar nossas ações. O resultado disso é um ciclo vicioso cujo resultado pode ser tão ou mais danoso do que qualquer grande escândalo de corrupção em Brasília.
E, quando praticamos pequenos atos de corrupção, estamos legitimando a corrupção que acontece em escalões maiores. Se existe uma cultura de aceitar pequenas corrupções e tendemos a torná-los “irrelevantes”, a sociedade se torna cada vez mais propícia à corrupção.
E aí? Faz sentido para você? Que pequeno ato de corrupção você se compromete a interromper HOJE para tornar nossa sociedade Cada Vez Melhor?
Um grande abraço e até a próxima Mensagem em uma Garrafa.
Com carinho,
Rafael Reinehr
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